Jacyr Pasternak é um dos maiores infectologistas do Brasil, é especialista em doenças infecciosas e parasitárias, e durante boa parte de sua vida chefiou equipes médicas no Hospital Israelita Albert Einstein. Pesquisou e escreveu dezenas de livros científicos, e conhece de perto a gravidade e seriedade da doença. Mas aqui, nesta ficção literária, Jacyr deixa a medicina de lado - não completamente - para imprimir contornos mais densos, transformando-se em sátira, crítica social ou de costumes do povo brasileiro. Tio Zulmiro não se chamava assim é um retrato bem-humorado de acontecimentos históricos ainda recentes: a pandemia de Covid-19 que assolou o mundo. O autor se debruça no tragicômico e no melodramático da máxima de que o brasileiro gosta de levar vantagem em tudo e tirar proveito da desgraça alheia, até mesmo quando esta não é tão alheia assim. Tio Zulmiro não se chamava assim conta o golpe, ou a tentativa de, que um grupo de amigos arquitetou para aplicar nas pessoas desesperadas, e assim conseguir ganhar dinheiro "fácil", afinal, como diz um dos personagens: "Em grandes crises, homens de visão encontram grandes oportunidades. " Num estilo carregado de humor, o autor constrói um retrato das ambições, sonhos e relacionamentos de um grupo de amigos formados por parte de um povo que aprende a viver nos embates, aos trancos e barrancos, postos à margem da ordem social, que suportam ou criam formas de enfrentar de acordo com as circunstâncias e com a chamada malandragem imposta ou captada de um sistema viciado que continua transmitindo e infectando o povo com os males da desigualdade social, política e fiscal.
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